À janela, a fumar um cigarro vejo as pessoas a passar...
Atarefadas, nem me vêem! Olham-me, mas não me vêem... Eu vejo-as, também não tenho mais que fazer.
Escrevo para me manter ocupada, já que na minha vida, existe espaço a mais para o ócio.
Distraio-me com as formas que o fumo faz...
Ao invés de sentir energia, já que não a gasto, sinto-me cansada pois a inutilidade da minha vida cansa-me! Rua pacata esta, sem grande actividade, apenas a deslocação dos atarefados... Sinto inveja dos atarefados que passam com um destino. Eu não tenho rumo, apenas sonho com um...
Quero voltar ao caos, aos horários a vida rotineira e stressante que levava. Porque a inutilidade da vida que levo cansa-me...
Vejo um pássaro a planar e até a ele o invejo, pois ele tem um destino.
Vejo as nuvens e também as invejo pois têm funções, estas estão ali por uma razão.
Eu não tenho um destino, rumo, não tenho funções e a razão pela qual aqui estou, ainda não foi por mim desvendada.
Deambulo pelo mundo observando-o, não fazendo parte dele.
Canso-me, até para escrever estas linhas me dá a preguiça, a minha grafia demonstra isso mesmo, desalinhada sem preocupação para se manter no mesmo espaço, tanto vai para cima como vai para baixo.... A minha mão é preguiçosa, pois a dona dela também o é.
Canso-me até de pensar...
Canso-me de ver o mundo em acção, por isso mesmo não faço parte dele.
Divido-me, não sei se cansa mais ser um mero espectador do teatro à minha volta, se um actor com um guião definido.