sábado, 16 de fevereiro de 2008

Livre-arbitrio onde estás???

Ao contrario de anteriormente, eu já não me importo com o que as pessoas pensam de mim... Sei que vivo em sociedade. Mas as pessoas tem que me aceitar como sou, com as minhas qualidades e os meus defeitos. Posso tentar melhorar os meus defeitos, mas é pedir demasiado quando pedem para mudar a minha natureza, a essência de que todos os que são humanos são feitos. É errado ser eu própria??? É crime querer viver, experimentar e seguir o meu próprio caminho e não o pré-determinado pela sociedade?? Para mim é hipócrita agir de uma determinada forma, apenas porque é suposto, porque toda a gente o faz, porque é senso comum, aceitado por toda a gente e é definido como bom e certo. Claro que não posso defender todas as minhas acções, apenas dizendo que esta é a minha natureza. Isso não deve ser utilizado como uma desculpa. Temos que nos adaptar a sociedade, dado que o ser humano é um ser social e não uma ilha. Temos que seguir as regras de boa conduta, respeitarmos o outro e a sua liberdade. Mas e a nossa liberdade, não está esta condicionada pela distinção do certo e errado estabelecido pela nossa querida cínica sociedade?? Hoje em dia não existe acções ou atitudes altruístas, é ingénuo pensar o contrario. A maior parte das pessoas (salvo aquelas escassas excepções a regra) age duma determinada maneira, pois deste modo ficam bem vistas e são aceitas socialmente. É muito difícil pensar por nós próprios, ter uma acção espontânea, temos que ter medo do que os outros podem pensar. Na minha modesta opinião prefiro ficar a margem da sociedade do que agir dum certo modo porque é assim que tem que ser. Devemos ser capazes de escolher! O que aconteceu ao tão estimado livre-arbítrio??? É irónico, mas este perdeu a batalha contra o cinismo e a hipocrisia deste mundinho superficial...

De que serve tomarmos o bom caminho, se só o fazemos porque alguém nos disse que tinha que ser assim?? Não sabemos realmente porque o tomamos, mas apenas que não podemos tomar o outro! Claro que temos que ter em conta as opiniões dos outros, as críticas que nos fazem, na maioria das vezes têm razão de ser, por isso não faz mal nenhum reflectirmos sobre elas. Mas isso deixa de ser construtivo, a partir do momento em que as opiniões dos outros interferem com as nossas acções, com o nosso modo de encarar a vida e condicionam as nossas atitudes e escolhas, a partir do momento em que vivemos a nossa vida através dos outros e em que não seguimos o nosso caminho. Faz parte da nossa vivência escolhermos a nossa caminhada, seja essa certa ou errada, mas fazemos-la porque escolhemos e ponderamos. Fizemos uma escolha e admitimos, quaisquer que sejam as consequências. Agora quando a nossa própria liberdade está limitada pelo mundo... No meu entender, não vale a pena! Qual é a utilidade de tomarmos o caminho certo (ou não, apenas aquele que é aceitado como certo! ), se não podemos nos vangloriar disso, porque não foi a nossa escolha. E se porventura hipocritamente nos vangloriamos disso, onde é que está o mérito??

Eu errei, eu já segui o caminho errado e estou a tentar seguir outro caminho, que pode ser ou não o caminho mais acertado. Mas eu arrisquei, escolhi e agora vou encarar as consequências, boas ou más da minha escolha. Quer sejam boas ou más, foram as minhas escolhas. E só assim posso ter orgulho na minha vida, no caminho que sigo. Pois este não foi condicionado por ninguém, foi pensado por mim, talvez não da melhor forma, mas temos que aprender. A vida é feita de erros! Por vezes estes até podem parecer erros num determinado momento ou a curto prazo, mas depois demonstram ter sido uma boa escolha a longo prazo. Eu, pessoalmente, não acredito no acaso... As coisas para mim tem um sentido para acontecerem duma determinada forma, que posso não compreender naquele momento, mas depois compreendo... Encontrei sempre utilidade em cada erro que fiz, nem que seja para estar mais atenta! E essa é a nossa missão, vivermos, escolhermos, errarmos, compreendermos porque erramos, fazer a escolha certa, errarmos novamente... A vida é um espaço para uma aprendizagem infinita. Se não qual seria a piada??? Tomarmos sempre as atitudes certas, sabermos tudo sobre o mundo... Seria monotomo, seria desinteressante, seria uma tarefa agonizante viver duma forma perfeita. E o aconteceria ao sofrimento? À tristeza? Sei que não gostamos muito destes sentimentos, mas estes são necessários, quer gostemos ou não, estes fazem parte da nossa vida. E se assim não fosse, como reconheceríamos o bem, os sentimentos ‘bons’... O sofrimento ajuda-nos a explorar os nossos sentimentos ao máximo, a aprecia-los... São eles que dão vida à alegria, pois se não existissem aqueles sentimentos, que apelidamos carinhosamente de sentimentos maus, a alegria não existiria igualmente. Nós só sabemos o que é a alegria, porque a comparamos com o estado de tristeza.

Agora os pseudo-humanos-perfeitos que criticam os outros por eles arriscarem, por eles darem a cara por aquilo que fazem e encararem as consequências de cabeça erguida, construirem o seu caminho... Qual é a necessidade de criticarem??? Qual é a necessidade de quererem ficar por cima das pessoas que cometem erros?? São assim tão inseguros, que não podem assumir os seus erros?? Porque é que essas pessoas não fazem uma auto reflexão deles próprios?? Talvez aí não critiquem e talvez admirem as pessoas corajosas que neste mundo ainda tem bravura suficiente para errar!

Revoltada.